UM MOMENTO DE LUCIDEZ DENTRO DO ESTADO EMBRIONÁRIO DA
INSENSATEZ
Um copo d'água, um copo d'água, por favor, mesmo que
venha em um copo de requeijão;
Um copo d'água, um copo d'água, por favor, mesmo que
venha contaminada pela cólera humana;
Um copo d'água, um copo d'água, por favor – por mais
que mais pessoas tenham sede, eu quero beber antes que todas.
Uma brisa que me toca, faz minha pele acordar.
Uma única certeza esculpida – a de que mais sangue vai
jorrar.
A natureza nos devora dia a dia, dia a dia; e aquele
garoto que não volta com os feijões mágicos para que eu possa sair daqui,
deixar tudo para trás e quem sabe voltar a sorrir, não chega nunca.
Não, eu não sei que horas são ou se tudo voltará ao
normal. Mas o que é normalidade dentro de um mundo de verdades impostas? O que
é normalidade dentro de mentes duvidosas, que conduzem rebanhos a matadouros sorrindo,
sem saberem que não há paraíso; que não há inferno; que você é seu próprio demônio
dormindo.
Um copo d'água, um copo d'água, pelo amor do deus que
você afirma ser o único que deve ser seguido;
Um copo d'água, um copo com água, água para lavar-me,
para limpar-me de todos esses gritos abafados dos excluídos, enquanto seguimos
fingindo não termos ouvidos.
Marcos
Martins.
Poesia em homenagem a todos os que deixam sua pátria por
causa de guerras.
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