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sábado, 8 de agosto de 2015

Tudo poderia ser


Tudo poderia ser


Tudo poderia ser mais simples, os verdejantes pastos poderiam ser mais verdes que os quadros de Jean Pierre de La Plata, mas não o são.

Tudo poderia fazer sentido para mim um dia, se Jean Pierre de La Plata me pintasse de azul turquesa em nu frontal.

A força que brota da terra, já capenga a tempos, não atrai mais os homens para o campo. E essa geração que grita nas ruas, nas esquinas, que praticamente urra ainda não se achou, mas deve continuar a caminhar, pois há bifurcações que devem chegar a algum lugar – seja Pasárgada ou Minas que não há mais. 

Ó! Quem dera eu pudesse me materializar numa peça da Broadway, que está em cartaz a mais de 20 anos e não pareça velha. Viveria como se nada mais importasse para mim ou para Jean Pierre de La Plata – ele que sempre pintou paisagens mortas de forma tão viva. 

Cada ato seria um tom de minha vida e meu ego se enxeria com os aplausos efusivos, com flores que me seriam jogadas no palco, aplausos e mais aplausos, beijos apaixonados, bocas com desejo de minha boca, mas tudo tem seu lado real e a realidade que me cerceia não me faz poder ter o desfrute de um dia de fábulas – um dia inteiro de fábulas. 

Se Jean Pierre de La Plata não fosse tão quixotesco, não teria receio de enfrentar moinhos de vento com ele sem armadura, mesmo sabendo que moinhos são moinhos e que homens são só homens – pó que nasce, pó que cai ao chão e não brota.

Tudo poderia ser mais simples, mas o bater de asas de uma borboleta pode fazer toda a diferença para quem está do outro lado do mundo e nem sonha que estou pensando nele.

Tudo poderia ser, no entanto, há um abismo entre o querer e o ser.


Marcos Martins.

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