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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Haraquiri sem corte


Haraquiri sem corte


Então um dia olhei para trás e vi o quão inexpressiva foi minha vida.  Muitos sorrisos falsos, muitas tapinhas nas costas - com punhais escondidos entre os dentes -, muita bebida destilada e dores por estar crescendo tão rápido.

Não, não posso conter meus genes, eles sempre vencerão no final. Ok, ok, todos passam por fazes ao longo da vida, mas... Não sei, não sei o que dizer – foi isso o que fiz a vida toda. E agora, perto desse fim, vejo que me arrependo de não ter feito coisas. Escolhi essa vida simples e inexpressiva, eu escolhi viver assim. Então por que há culpa? 

Escolhi não ter saído à noite anterior ao feriado; escolhi não ter plantando aquela árvore que estaria enorme hoje, nem quis escrever um livro, mesmo todos me falando que levava jeito para a coisa. Também não quis passar meus genes adiante. Não quis que alguém, vindo de meu sangue, pisasse essa terra cada vez mais infértil: – Egoísta! - Me acusaram. Nunca me deixaram falar que escolhi assim, desse jeito minha vida.

É bom acordar para uns, mas para outros é como estar no inferno, é como estar numa fila a mais de 5 horas e não ser atendido. Eu simplesmente voltaria para casa aceitando os fatos, mas algumas pessoas não aceitam a vida quando não é a que se idealiza - e isso faz doer -, faz inocentes sangrarem antes dos 30 anos e velhos terem medo de contar suas histórias.

Escrevi essas linhas tortas, não sei por quê. Mas por que temos que ter respostas para tudo? Quando não as temos – forjamos – É triste, muito triste. Mas o que é a tristeza? Não me importo em saber, essa é a verdade.

Não estou falando de morte e sim de vida, vida que vive sem querer ser oprimida, mas quem dita às regras para a minha vida, por vezes, me oprime, me amordaça, sufoca, cria-me sensações de impotência e prisão.    

Se sua vida pudesse ser uma canção, qual seria?    


Marcos Martins.

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