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quinta-feira, 9 de julho de 2015

SER POESIA



SER POESIA 


Quando me vi poeta, meu mundo ficou sem luz por dois segundos, depois tudo acendeu e ascendeu com tamanha força, com tanto brilho que senti que iria ficar cego para sempre, mas logo à vista foi recuperando o foco e nunca mais foi à mesma. Passei a enxergar com todos os sentidos. Passei a sentir com todos os sentidos. Passei a ouvir com todos os sentidos. Passei a viver, a morrer, a chorar, a sofrer, a sangrar, com todos os sentidos.  

Quando descobri que o bicho que comia lixo não era um simples bicho e sim o rei da cadeia evolutiva, meu chão desapareceu, meu eu foi amaldiçoado pela necessidade de parir esses versos (poesia que de mim se faz brotar).

Ser poeta é sentir tudo em demasia, é viver todo dia como se fosse o único dia – versos líricos, epifania que não se deve, nem se pode explicar.

Ser poeta é ser só, enxergar as entrelinhas, tocar a última estrela do universo indiferente, dar nomes a cada fase do luar, se dilacerar, viver tudo em demasia, conviver com o caos que sempre está lá (dentro da origem). 

A poesia contida em mim chega a machucar meu peito, como se alguém esmagasse meu tórax me privando o respirar.

Poesia é sentimento por osmose, vontade de se libertar, seja em versos milimetricamente pensados ou versos livres como o espírito humano ao chegar nesse mundo de correntes; é ser vivo todo ardente, labareda em meu eu que ninguém a de apagar.  

Marcos Martins.



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