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quarta-feira, 3 de junho de 2015

És tu



És tu


Foste tu que me inspirastes a sangrar em versos líricos;

Foste tu quem me desconcertou o pouco de juízo que tinha guardado nos bolsos da velha calça jeans;

Foste tu que fizeste com que me importasse apenas com a licença poética, nada mais;

Foste tu quem me mostrou que se pode amar sem quebrar.

Como gosto de sentir teus lábios confortando os meus. Como isso é bom. Poder sentir tua saliva na minha, teu calor invadindo minhas vértebras – como isso é bom.

Foste tu que indicasses o caminho sem mostrar-me os perigos na estrada e por esse favor te sou grato, mesmo depois de todo sangue derramado – te sou grato.

Escrevo versos com a mão esquerda, a mesma que um dia julgaram ser a do diabo, mas quem assim julgou esqueceu-se de lembrar que todos têm demônios interiores.

Sim, fiz esse verso com a mão esquerda, a mesma que afaga; que corta; apedreja; que limpa o corpo quando este fede. 

Foste tu que me impusesse o tempo gestacional desses versos, esse delírio – epifania que sai de meu peito e escorre por entre os dedos. 

Sempre és tu, ninguém mais, ninguém menos.

Marcos Martins.

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