VEIO-ME O CHEIRO DA DEPRESSÃO
Me veio o cheiro da depressão. Não era um odor desagradável, muito pelo contrário, é um aroma mortalmente
delicioso. Impregna-me todo o corpo. Não sei como posso deixar de senti-la em
mim.
Um vento morno roçou em meu
rosto, se insinuou porque sabia que eu não poderia lhe tocar e sussurrou em meu
ouvido: - Desista, você não nasceu para ganhar.
Me veio o cheiro da
depressão, se materializou em minha frente, tinha as feições delicadas, olhos
sedutores e uma tatuagem da morte em seu seio esquerdo. Chamou-me para ficarmos
mais íntimos, sorriu, me tocou o pescoço, os pulsos e tentou beijar-me. Fechei
os olhos, lacrei os lábios.
Me veio o gosto da
depressão, os gemidos, as angústias, os murmúrios, mas resolvi seguir seguindo,
resolvi viver sem sorrisos, mas vivo, vivo.
Marcos Martins.
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