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sábado, 23 de maio de 2015

VEIO-ME O CHEIRO DA DEPRESSÃO


VEIO-ME O CHEIRO DA DEPRESSÃO


Me veio o cheiro da depressão. Não era um odor desagradável, muito pelo contrário, é um aroma mortalmente delicioso. Impregna-me todo o corpo. Não sei como posso deixar de senti-la em mim.

Um vento morno roçou em meu rosto, se insinuou porque sabia que eu não poderia lhe tocar e sussurrou em meu ouvido: - Desista, você não nasceu para ganhar.

Me veio o cheiro da depressão, se materializou em minha frente, tinha as feições delicadas, olhos sedutores e uma tatuagem da morte em seu seio esquerdo. Chamou-me para ficarmos mais íntimos, sorriu, me tocou o pescoço, os pulsos e tentou beijar-me. Fechei os olhos, lacrei os lábios.

Me veio o gosto da depressão, os gemidos, as angústias, os murmúrios, mas resolvi seguir seguindo, resolvi viver sem sorrisos, mas vivo, vivo.



Marcos Martins.

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