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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Que venha 2015! - Silêncio

Última poesia do ano. Que venha 2015! Apreciem sem moderação.



Silêncio


Enquanto todos dormem, o mundo não descansa.
O mundo nunca para de girar dentro e fora de minha cabeça;
O mundo nunca para de criar inocentes que choraram.

O mundo não se cansa de nos fazer perder a fé; de postergarmos nossa fé em algo que nunca se concretiza por completo (fragmentos de partículas invisíveis de átomos deixados ao leu – átomos de bóson esquecidos).

O mundo não sonha – somos um eterno sonho dentro do mundo que não sonha. Um eterno amanhã que não chega – tormenta onde homens não pensam duas vezes em te fazer ajoelhar.

O mundo não se importa com o choro dos que acabaram de nascer, com as lágrimas dos que acabaram de perder quem amava. Na verdade, o mundo é como um daltônico que, ao invés de não enxergar bem as cores, não nota nossas partículas (pobres dos nós, seres que nascem em busca de um sentido, uma posição no tabuleiro que Einstein recusou jogar).

O mundo cria seus mitos, os motivos e as justificativas para que o certo seja o certo, o errado seja o errado e o justo seja ao bel prazer daqueles que todos ouvem. Temem.

O mundo só chora – abre uma exceção – quando um poeta deixa de existir, pois, são os únicos seres – amaldiçoados – que sentem de verdade, sentem por todos os poros, o mundo que não se importa quando mais um imortal morre antes de chegar aos cem anos de vida.

Não ouço o silêncio do mundo.
Não sinto o silêncio em mim.


Marcos Martins.

20.12.14.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Prosa, pesar e existir




Prosa, pesar e existir


Quero sair de meu corpo, esse templo ruído que se tornou. Há grades, não há chaves, apenas trancas e contas e mais contas. Apenas tédio.

Minhas trancas não se abrem para me deixar sair, nem para banhar-me ou tomar um pouco de sol. Fico sujo. Impuro. Burocrático. Foi para isso que fomos modelados? Para sempre sentirmos sujeira em nosso existir? Esse foi o trato entre o criador e o diabo para que no inferno existisse um porteiro, trabalhando todos os dias do ano, até em feriados santos.

Somos obrigados a sentir uma batalha dentro de nossa essência que nunca cessa. Olhar, sem nunca enxergar o horizonte. 

Muitos acham que o inferno é um lugar de punição e sofrimento eterno, mas no inferno, existe apenas uma fila, uma interminável fila e ao chegar ao início dela, nada acontece, se pega outra senha, para outra fila e tudo fica como exatamente está. Os anjos decaídos riem e se misturam, dando lições de moral para tudo se tornar ainda mais pesaroso e todos permanecerem com seus ombros caídos, esperando mais uma vez sua vez na fila chegar. 

Algumas pessoas dizem que o inferno é cheio de livros e mais livros de autoajuda, de autores diferentes, e todos têm que ser lidos em vos alta, tudo ao mesmo tempo. Tem quem diga que o inferno é aqui mesmo e fica em seus lares, outros, que fica numa rua sem saída, numa casa sem banheiros e vez por outra, anjos vem com rolos de papel higiênico para distribuir e se simpatizam com você, te levam para os bosques do Éden e te deixam por lá, se escondendo das serpentes, que hoje são muitas e que sabem como ninguém plantar árvores e nos despir de nossas inquietações. 

Prosear é tão fácil, existir um mistério que não se encontram as respostas em bulas de remédios, nem em anúncios de jornais. Prosear é preciso, é um mal necessário para suportar o existir.


Marcos Martins.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Mais uma de minhas crônicas

Olá, face amigos! Mais uma de minhas crônicas no jornal Folha de Perdões. Já leu? Não? Dá um pulinho lá e dá uma conferida. Abraços literários em todos.

sábado, 13 de dezembro de 2014

TODOS OS SONHOS


TODOS OS SONHOS


Todos os sonhos têm o mesmo tamanho, pois todos os sonhos são difíceis de ser tocados;

Todos os sonhos são sonhos são sonhos são sonhos, que não se devem ser sonhados apenas dormindo - apenas acordado;

Todos os sonhos podem ser tocados, mesmo que em sonho, mesmo que intocado;

Todos em um só lugar, todos de dentro da cabeça escorrem por entre as frestas da senhora sorte, para não só serem sonhados, mas vividos, tocados.

Os sonhos, meus amigos, não devem ser apenas sonhados.


Marcos Martins.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

NÃO MAIS SENTIA O MUNDO


NÃO MAIS SENTIA O MUNDO


Hoje encontrei um homem sem vida na imundície da praça. Era um homem incompleto, não mais tinha vida, não mais tinha alma. Não mais tinha culpa, não mais tinha nada. Mas mesmo assim sorria e parecia saber das coisas bem mais que eu, que sou homem letrado.

Hoje encontrei esse homem, de semblante suave, olhar cativante, daqueles olhares que revelam uma sabedoria quase mística, mas sou homem letrado e não acredito no místico, porém, mesmo assim algo ascendeu.

Aquele homem andava de forma graciosa, quase flutuava, era mais mavioso que Odette – que fora enfeitiçada. Podia sentir que ele não mais sentia o mundo em suas costas. Era livre. Era sujo. Era limpo. Era livre.

Hoje encontrei um homem sem vida moderna, sem vida imposta, sem gadgets. Tudo parecia perfeito nesse dia memorável: pombos comiam pipocas deixadas no chão; casais andavam enamorados; crianças sorriam; velhos não mais choravam de solidão. E então dei por conta que apenas eu via o homem na imundície da praça; apenas eu via aquele homem sem medo de pisar descalço no chão; apenas eu via o belo embaixo daquelas roupas sujas (barba por fazer há dias); apenas eu começava a sentir a liberdade que ele sentia (mesmo com o mundo ainda em minhas costas); apenas eu me via sujo de fora da imundice da praça; apenas eu, ninguém mais me via, ninguém mais sentia.


Marcos Martins.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Saiu mais uma matéria em minha coluna "Devaneios Literários e Afins", no jornal Folha de Perdões

Deadlline


Olá, como vai sua existência hoje?


O natal está batendo a nossa porta, enquanto o ano novo espera, de forma paciente, o telefonema da assistente social informando que seu irmão mais velho, O ano velho, faleceu (acho que é a única notícia de falecimento que uma pessoa recebe e se alegra).

Tendemos a reavaliar nossas vidas com o termino do ano, buscamos no fundo da cabeça o que fizemos de bom, de ruim; as promessas não cumpridas são revalidades por mais um ano e temos a certeza de que no próximo ano conseguiremos cumpri-las – como o governo que sempre diz que vai cumprir suas metas, porém nunca as cumpri.

(...)

Para continuar lendo é só clicar aqui.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Minha coluna no Jornal Folha de Perdões

O ano está findando e eu começo uma nova fase em minha vida. A partir de hoje passo a fazer parte do time do jornal Folha de Perdões, jornal que dá nome a cidade de Perdões, localizada em Minha Gerais.

Convido todos os amigos a darem uma lida em minha coluna, que vai sair toda quarta-feira, chamada Devaneios Literários e Afim. O primeiro texto já está no jornal.