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sábado, 20 de setembro de 2014

ROTO


ROTO


Esse caos dentro do meu peito queima o que de bom já tive um dia. Drena o que de bom já plantei um dia. Afasta tudo o que almejei. 

Esse caos dentro de meu ser dilacera meus órgãos já tão castigados. Drena o que de bom já plantei um dia. Afasta tudo o que planejei.

Esse caos dentro de meus poros, me sufoca, asfixia meu pulmão – quase que total necrosado. Drena o que de bom já plantei um dia. Afasta tudo o que um dia já toquei.

Esse caos que circula em minha corrente sanguínea, intoxica minha alma, causando erupções em meu corpo roto. Drena o que de bom já plantei um dia. Afasta os sonhos que sempre sonhei.

Esse caos, ah, esse caos, que me mostra o futuro de minha humanidade – incomoda quando vejo o rastro que deixei. Drena o que de bom já plantei um dia. Afasta todo verbo que já conjuguei.

Um dia vou drenar todo o caos que o mundo produz – esse caos dentro de mim; de você –, essa tormenta – violência contida dentro de nossa essência -, que rasga, esfarrapa, danifica, dispersa tudo o que de humano podemos sonhar um dia ser.


Marcos Martins.

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