E SE
E se eu tivesse sorrido mais – hoje ela seria minha;
E se eu não tivesse dormido – hoje eu teria visto o final daquela série que nunca mais vai passar (mesmo que passe, não vai ser a mesma coisa);
E se eu não tivesse corrido para pegar o ônibus – não teria sofrido aquele assalto que me deixou com um galo na testa e desmoralizado;
E se eu não tivesse sofrido – hoje minhas lágrimas não teriam borrado minha maquiagem e estragado horas de dedicação;
E se eu a tivesse beijado – teria o gosto eternizado de seus lábios nas lembranças de minha história;
E se eu não tivesse bebido – não teriam feito toda aquela cena, naquela festa onde todos meus conhecidos estavam;
E se eu não tivesse saído na chuva – não teria pego aquela resfriado que me deixou de cama por cindo dias;
E se não tivéssemos escolhido nossa musica – não sofreria mais sempre que a ouço;
E se eu tivesse escolhido o lado esquerdo, por mais sedutor que o direito se apresentou a mim – não estaria perdido;
E se eu não tivesse dito todas aquelas sandices – hoje te teria ao meu lado meu irmão-amigo;
E se eu não estivesse entrado ali, aqui, acolá – não teria me ferido, não teria essas marcas;
E se eu não tivesse essas marcas – não teria vivido;
E se eu tivesse vivido menos em meu quarto escuro – não teria lido todos esses livros que me mostraram mundos, vidas (me marcado a alma);
E se eu tivesse escolhido outro caminho – tudo poderia ter sido diferente, tudo poderia ter sido o que não foi, poderia ter deixado de ser o que já foi (tudo não seria tão pretérito imperfeito do subjuntivo);
E se eu não tivesse vivido todos esses “sis” – não faria a menor diferença para meu destino;
E se eu não tivesse vivido como vivi – não seria o que fui (nada ficaria no campo subjetivo).
No fim, só torcemos para que a viajem valha apena.
Marcos Martins.
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