acompanhar

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Trecho de meu livro: Lugar Nenhum - Paraíso Distópico


(...)

Fiquei deitando na cama por mais alguns segundos, tentava conseguir juntar forças para me levantar. Você tem a certeza que não é dono de si, quando está doente, as enfermidades são ótimas doses de humildade a pessoas soberbas, mas eu não era soberbo e era isso o que fascinava – o verdadeiro socialismo sendo aplicado na prática, de uma forma diferente é bem verdade, mas você pode me dizer que o vermelho que você enxerga pode ser diferente do que eu enxergo, mas no final tudo é vermelho ou foi denominado assim, é o que acontece com as enfermidades, para elas não importa seus status, cedo ou tarde pode acometer qualquer um.

Finalmente consegui ficar de pé, abri a porta do quarto, olhei para o corredor – tudo parecia dentro do normal –, segui para as escadas, andava meio cambaleante, me apoiava na parede e assim consegui ficar quase que totalmente ereto – agora eu já sabia podia imaginar a força que nossos antepassado desprenderam para poderem se tornar homos erectus –. Descer a escada não foi uma tarefa fácil, minhas pernas tremiam como que se forçando a sustentar meu corpo – era uma tarefa ingrata. Ao chegar enfrente a porta, respirei fundo, tentei me por de forma altiva, não queria que Ainá se preocupasse ao me ver naquela situação, abri a porta e fiz um esforço redobrado para manter a pose, tinha que fingir que estava tudo bem, mas não estava.
  
– O que você tem? Parece que viu um fantasma – me questionou Ainá e todo meu disfarce foi por água a baixo, mas no final me senti mais aliviado.

– Nada, entra – respondi já com os ombros caídos.

– Trouxe nosso jantar, mas não sei se você vai querer comer – dizia, com uma caixa de pizza quatro queijo nas mãos. Aquela morena flor de canela ficava linda segurando uma caixa de pizza, mesmo sem estar com um refrigerante, mesmo assim, ela segurava de uma forma tão sensual e angelical ao mesmo tempo, que minhas forças começavam a retornar. “Graças a Deus esse mal estar não danificou meu libido”, pensei.

– Porque você tá me olhado assim – me interpelou de uma forma doce.

Fiquei parado por algum tempo, contemplando-a, não sei quanto tempo, mas o que é o tempo se não um motivo para se comprar espelhos e tinta pra cabelo. Aquela era a visão da perfeição em forma de mulher e eu era um cara de sorte por ela fazer parte de minha vida. Ela me sorriu – sereias encantavam homens com seus cânticos, Ainá, com o sorriso. 

(...)

Marcos Martins.

Nenhum comentário: