acompanhar

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mais um trechinho meu livro: Lugar Nenhum - Paraíso Distópico


***


Seis horas da manhã, o despertador acha que me desperta, mas dessa vez eu o enganei, não foi preciso, passei à noite em claro, pude ouvir todos os sons da noite, alguns me assustaram.

– Lázaro! Lázaro! Já são seis horas! Acorda cinderela – gritava Tio Paulo da escada, errado dessa vez por achar que eu iria me atrasar como o de costume, dessa vez já estava de pé e sem nenhum sono.

– Já sei Tio, tô indo – gritei do quarto pegando uma tolha.

Vou para o banheiro, tiro toda a roupa, mas mesmo assim me sinto vestido, me olho no espelho do banheiro “Não sou mais um menino”, penso ao ver minha barba por fazer. Apesar de ter pouca idade, minha barba já era completa, apesar de rala não tinha uma única falha.

Abro o chuveiro – nada como uma boa ducha fria para desperta todo o corpo – ao me molhar sinto uma apequena ardência nas costas, estico o braço e toco onde está ardendo, sinto algo, uma protuberância, uma espécie de cicatriz, como se eu tivesse me arranhado em algum lugar. Saio do banho, tento ver no espelho o que é – é uma cicatriz de mais ou menos quatro centímetros, lembra um arranhão feito por uma unha, “Teria sido Ainá”, me questiono. Não podia ter sido ela, pois a cicatriz parecia estar cauterizada.

– Vou terminar ficando louco – digo para meu reflexo – Será que estou doido ou apenas sonhado? Se for um sonho alguém tem que me acordar.

Penso em me beliscar, aproximo meus dedos de meu braço, mas se não for um sonho, se isso tudo pelo o que estou passando for real será uma grande decepção. Você já sentiu como se estivesse acordado, mas com a sensação de estar em um sonho, pois bem, é assim que tenho me sentido ultimamente. E se tudo for um sonho mesmo... Se eu tiver morrido...? E se eu estiver em coma e esse beliscão puder me fazer despertar...? Não, não, não! Sempre que via as pessoas sorrindo para mim elas estavam felizes, mas se tudo só for aparência, se tudo for à ponta de algo tristemente maior... O que posso fazer? Nada posso fazer só esperar que esse tal de Gildo me diga algo que acabe com tudo esse tormento.

– Lazaro! Vai morar ai é menino! – os gritos de Tio Paulo me tiram do transe tempestivo que estou tendo, mas a sensação de estar vivendo um sonho não passa por completo. 

Termino de tomar banho sem coragem de me beliscar e ter a certeza da alguma coisa.            

(...)

Marcos Martins.

Nenhum comentário: