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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Diário de um Moribundo - Mais um trecho de meu livro (reescrevendo)


(...)

Ruth levantou, era noite, fiquei triste, mas deixei-a partir. A cama vazia me deixou enfermo, me deixou gelado por dentro. Se eu chorar, ninguém vai saber, se eu morrer, ninguém vai notar. Só me resta escrever um de meus lixos para que todos saibam que me sinto morto e finjo estar vivo.


VII


Como me sinto – Solidão -;
Como me sinto – Inquietação -;
Como me sinto – Insegurança -;
Como já me senti – Esperança -.
Como me sinto doente, sem cura. Eu vejo a cura e temo usá-la. Será realmente cura? Ou mais uma falácia no fim do arco-íris? 


***


Como queria ser normal e tirar essa maldição poética de mim, poder sentir de forma normal a vida e não enxergar essas entrelinhas.

Estou com muito medo, pois acho que vou amar. Junto com meus amores sempre chega à dor, inquietação em meu cérebro, coração palpitante, mãos suadas e trêmulas - são mau agouro - Faz tempo que não sinto isso.

Ponho-me a pensar num amor que pode me consumir outra vez, igual a todos os que senti e sofri; igual ao que me arruinou.

Gostaria de estar morto às vezes, mas sinto tanta vida reprimida em mim que me dá pena em saber que sou um morto vivo.

Talvez esse amor que temo sentir me tire do escuro, ou talvez me ponha em cima do muro do murmuro, onde seu eu cair nunca mais me levantarei.

O que gostaria mesmo era de um beijo com gosto de desejo, com gosto de amor, sem o gosto de saliva que sempre senti. Das bocas que beijei apenas uma, não sei, talvez tenha sentido mais que saliva, mais que saliva em meus lábios frios.

Se não me amas, não finja que me deseja;
Se não me amas, não me olhe assim;
Se não me amas, não finja me dar esperanças, me deixe viver triste como sempre vivi.

(...)

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