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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Trecho de meu livro: Diário de um moribundo.


***

Quando estamos vivos, o processo de decomposição é lento e doloroso. Esgoto, esgoto, meu arroto, meu corpo, não sinto, sentido, não sinto, abismo, persisto. Eu não sou louco! Estou louco? Meu filho, onde você está? Não lembro mais o rosto do meu filho, meu Deus! Essa foto desbotada é ingrata, não me mostra como ele está agora. Ah! Como queria tocá-lo, como eu queria.

Não o vejo a uns... não sei quanto tempo faz. Há quanto tempo estou aqui? Como será meu rosto agora? Eu temo me enxergar no espelho, temo por todos esses anos. Quem perdeu a noção do tempo não tem tempo para ver às horas. Meu relógio parou há quatro anos. Só agora percebo. Tanto tempo. 

Sempre me sinto um inútil quando sinto o passar do tempo. Não tenho nada do que me orgulhar. Os momentos bons de minha vida estão perdidos. Me toco, já não me sinto.

Quando tudo começou? Não lembro o fim e o começo. Essas palavras são nomes para nossos desapontamentos, desapontamento...

Você já se sentiu estranho? Como se não pertencesse ao mundo? Todos te olham, mas não te notam. Você acha que eles te percebem? Você é anônimo, embora vários olhos te vejam você é anônimo, pois esses olhos não te conhecem, não sabem o que você sente.

(...)

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