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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Poema: Fadiga


Fadiga 


Quis me olhar no espelho e poder ver o que idealizava – perfume de flores do campo e um mundo sem medo.

Ponho a mão no peito – velho guerreiro de guerras tolas e perdidas – tenho a sensação de que nem tudo valeu a pena.

Não olho mais o horizonte. Não olho mais o céu à noite. Quando ouso olha-lo, sinto-me preso. E a gravidade me é deveras má.

Cansei de sonhar; de almejar coisas; de querer enxergar cores onde esperança não há.

Cansei de sonhar.

“A vida é um caso perdido”, já disse o artista que encantava sua plateia com histórias tristes. Pois bem, quem sou eu para dizer que não se minha vida é uma história inexpressiva.

Quis me olhar no espelho e pensar nas possibilidades do amanhã, no calor que o sol poderia banhar meu corpo. Mas tudo o que vi foi um homem quase sem reflexo, foi um homem que já teve motivos para sonhar – motivos que o agora tratou de apagar.

Cansei de sonhar.           


Marcos Martins.

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