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quarta-feira, 3 de abril de 2013

O tempo passa, a poesia fica e as flores, nos dias de hoje, morrem sozinhas sem serem contempladas da forma que deveriam




Flor no asfalto


Uma flor nasceu no asfalto. Todos ficaram chocados com tamanha audácia, mas começaram a parar suas vidas rápidas para notarem o quão linda estava à flor. De cor cintilante, nascida na selva de pedras, onde predadores com número 40 e salto agulha poderiam furar-lhe as pétalas nasceu à flor no asfalto.

Uma flor nascida, não se sabe como, nem o porquê, pois tudo tem seu porque – Não importa sua cresça, ou as razões para se fazer sangrar -.

Foi feito um referendo e todos os homens de gravata e paletós caros decidiram acatar o pedido da população, com suas vidas rápidas, e matar a flor que lhes distraiam e fazia com que parecem para por em prática a ociosidade da contemplação.

Foi arrancada do chão a flor que nasceu no asfalto cinza, de uma cidade cinza, com homens que calçam 40 e mulheres de salto agulha. 

Nasceu onde não devia a flor do asfalto, e por isso mesmo, foi morta como todos desejaram.

E a falta de amor seguiu;
E a falta de tempo seguiu;
E todos seguiram e sentiram-se mais seguros, sem uma ameaça que pudesse distrair os que seguem, na cidade dos não lugares.        


Marcos Martins.

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