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sábado, 16 de março de 2013

INVISÍVEL NA CIDADE




INVISÍVEL NA CIDADE


Não sou de fazer caras e bocas. Gosto de passar despercebido por meus predadores, também não gosto de ser presa, prefiro ser - O pacificador -, nem presa, nem predador, mas o mundo nos ensina a matar muito sedo e isso me deixa perdido porque estou cansado de limpar minhas mãos; estou cansado de sentir gosto de sangue; estou cansado, tão cansado.

Nunca fui de sorrir a toa, acho que os sorrisos estão cada vez mais escassos, por isso, guardo os meus num local seguro, bem lacrado. Outro dia um garoto me falou: “vá à merda, seu idiota”. Não se fazem mais criança como antigamente, não se fazem utensílios domésticos como antigamente, tudo é descartável e sua via não menos.

Não sou de fazer poses ou de me vestir com roupas chamativas, prefiro a opacidade, a neutralidade das cores sem brilho, pois brilhar é perigoso e todos os predadores vão te encontrar; encurralar, e torcer para que você tenha câncer.

Não, não sou como os homens que passam pelo mundo tentando deixar sua marca, sou um homem que quer apenas passar despercebido pela cidade, onde pessoas passam, carros passam, olhares se cruzam, mas não se notam.

Cansei de tentar fazer algo que faça sentido nesse mundo, cansei de prezas e predadores, cansei de esperar em pé, agora me sento e finjo fazer parte de algo maior, porém faço tudo isso sem fazer caras e bocas, porque gosto de ser invisível na cidade onde todos fingem se importar.  


Marcos Henrique.

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