Há vagas?
(Marcos Henrique Martins)
Tenho que procurar algum lugar que me encaixe, porque é difícil se achar quando não se pertence a lugar nenhum.
Tenho que entreter meus dedos, então escrevendo até sangrar, escrevo poemas manchados com meu sangue; que nunca serão lidos e se os leram, não irão entender e se entenderem, não irão aceitos-lós e se os aceitaram, irão me crucificar, porque todos procuram mártires.
Tenho que procurar um lugar, pode ser um lugar barato mesmo, para sentar um pouco e poder fumar um cigarro, mas eu não fumo – quem é inocente por inteiro, você? –.
Tenho que achar um lugar, tenho que encontrar algum lugar, pois estou desesperado e um homem desesperado não precisa justificar seus atos de selvageria.
Preciso, realmente, de um lugar que me encaixe para poder envelhecer e ser respeitado não só por financeiras que querem roubar o que passei a vida toda tentando juntar – sentido para minha existência –.
Preciso de um lugar para encaixar meus pertences, é pouca coisa, mas é tudo o que os que se enquadram no esquema não conseguiram juntar.
Preciso me encontrar.
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