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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Lacuna poética




Lacuna poética 


Às vezes, as linhas do caderno são traiçoeiras com o poeta, pode até faltar inspiração, mas essas linhas nunca faltam. Podem faltar versos, mas as linhas em branco sempre estarão lá.  

Malditas linhas que me torturam, me olhando de forma seca, áspera. Torturam-me com sadismo. Se continuarem, cortarei minhas mãos e se mesmo depois de meu ato de barbárie, insistires em molestar-me tirarei a luz de meus olhos e dessa forma não mais vou poetar. Criar poemas sem vida é coisa que abomino, pois criar um poema; fazê-lo ser oco é como sorrir sem alegria, é viver sem se tocar.  

Por vezes, as linhas do caderno são traiçoeiras com o poetar e o poeta se torna refém do mundo que ele não consegue externar. E dessa forma, o branco do papel vence o espírito de quem não consegue transmutar versos em vida, mesmo que não contenham rimas, mas que preencham com sentimentos todas às lacunas que uma folha em branco possa ocupar.  


Marcos Martins.

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