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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ao meu filho que nasceu morto




Ao meu filho que nasceu morto
(Marcos Martins)


Deveria ser lindo. Porque não consigo visualizar como ele seria, nem imaginar se sua vida seria boa, feliz, dura ou extraordinária?

Nunca saberei nada sobre ele.

Suas mãozinhas, lindas e frágeis, nunca sentirei tocar minha face e acalentar meu sorriso, meu rosto, minhas rugas, meu espírito. 

Suas perninhas nunca se tornarão fortes para me acompanhar mundo a fora.
Seu sorriso, fui privado de conhecer.
Suas gargalhadas, ao descobrir algo novo, nunca serão ouvidas por toda a casa. 
Seus choros nas madrugadas intermináveis, nunca me acordarão.

Não vou vê-lo crescer fora do útero.

Não me restou nem seu registro - nasceu sem existir legalmente. - Não pode respirar.
Não pode me olhar nos olhos e eu me ver refletido em sua íris.

Não chorou ao nascer; 
Não chorou na morte ao sair de seu invólucro.

Se virou anjo, nunca saberei.
Se, se tornou partícula do nada que nos cerca, nunca poderei tocá-lo.

Deus te abençoe, meu filho, e te mostre a luz que não pude ver refletida em teus olhos.

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