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quarta-feira, 20 de junho de 2012

O que não conto a ninguém


O que não conto a ninguém
 (Marcos Henrique Martins)


Quando me pego olhando o horizonte, meus olhos lacrimejam, derrete minha face;

Quando me pegam olhando o horizonte e me perguntam o que vejo, não tenho resposta concreta para dar a mim nem a ninguém. Apenas olhos de saudade.

Meus poros exalam fluxos verdadeiros e contínuos de melancolia, mas uma melancolia sóbria, serena, de um lugar que nunca pisei, mas vi muito cedo - como explicar essas coisas não me cabe, apenas piso -.

Para que ter a obrigação de explicar as coisas? Existem coisas que não precisam de tanta explicação, cientifica ou filosófica, natural ou sobrenatural; apenas aceitar, aceitar e só.

Quando me vi só, ainda menino, algo quebrou dentro de mim. Quando olhei bem dentro dos olhos da morte, e ela me levou quem mais amava - Vó Dorinha - algo quebrou dentro de mim. Fui juntado os cacos, me cortei em alguns, manchei com sangue o chão já limpo.

Esta prosa me fez refletir que sou bom em ficar de pé, que sou melhor ainda em cair e; tão, tão, mais tão teimoso em levantar. Cair de cara no chão, cair sem roupas em um mundo de cores fortes, apertos de mãos fortes e gritos de perdas fortes - Odeio gritos de perda. -

A descoberta da senhora morte me foi dada quando era muito jovem, violou o segredo mais puro que toda criança te consigo, guardada em um mundo sem adultos para não quebra-lo. Mas apesar de escrever palavras tristes, em linhas que não se importam, sou um ser brincalhão, gosto de fazer os outros rirem, apesar de não rir mais com um riso inocente.

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