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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Chagas

Chagas
(Marcos Henrique Martins)


Quando corro, meu corpo reage e me diz para parar, pois os ossos não são mais os mesmo da época de menino. Havia um tempo, em que os livros me deixavam entorpecido e nada mais importava, a não ser, ler todas as vidas que os livros me apresentavam, mas vieram as verdades incutidas e tudo se desfez. Perdi toda a alegria, me perdi de Deus e enterrei minha cruz num lugar que não podia mais chegar, pois moradias foram feitas encima de tudo o que conhecia.

As feridas que me consomem não me matam, apenas, me fazem ver, sentir a vida doer. Meus porões estão cheios de lembranças que não sei mais como usar, estão com mofo, alguns tão gastos, outros de tão esquecidos cometeram suicídio e ficaram lá, no escuro.

Não traço linhas, não ando mais por estradas, apenas sinto minhas chagas que não me deixam em paz. Não, não me deixam voltar aos bons tempos, porque o tempo não se importa com o que você é, ou já foi. O tempo é apenas o tempo e só.

O que restou? Um vazio que não cabe nada, pois suas paredes não são de confiança, foram moldadas com as saudades que sinto de um tempo que me marcou enquanto descobria que, o sentido da vida é o sentido que a vida te dá, e as lágrimas que você pode colher ao longo do porvir não são feitas para o consumo, apenas para que saibas que vives com feridas que nunca vão te abandonar.

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