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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Trecho de meu livro: Gol de Mestre


Em 1994 ouve a copa mais esperada de todas, seria ela aquela que transformaria o Brasil no primeiro país do mundo a se tornar tetra campeão mundial. Todos só respiravam futebol.

“Quase todos”.

Gol de Mestre ©

2002, Marcos Henrique, todos os direitos reservados.

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento do autor.



Gol de mestre

Marcos Henrique



<...10 dias antes...>


Marcos caminha pelo corredor da penitenciaria com um sorriso no rosto é seu último dia na cadeia, ele está livre. Vozes eufóricas se misturam no corredor.

- É isso ai marcos você conseguiu!
- Juízo garoto! Cuidado lá fora!
- Vê se não volta cara!

Um policial com cara de poucos amigos vai levando Marcos até a saída.

- Cinco anos em cara, vê se toma juízo e não invade mais nada, mas uma coisa, eu tenho que admitir, você deixou aqueles gringos doidos quando fudeu com bolsa de valores deles – disse o policial com cara de poucos amigos que levava Marcos até a saída.


- É, mas me aposentei, hoje sei que o capitalismo vai salvar o mundo - responde Marcos.

- Quem está te esperando do lado de fora é seu primo Ricardo?

- É sim – responde Marcos.

- Cuidado, Ricardo é um ladrão de carros filho da mão, não se junto a ele, isso ainda vai acabar te fudendo.

Ricardo o espera do lado de fora da cadeia, num carro lindo, porém roubado.

- Vamos nessa cara, você tá livre agora – diz Ricardo para Marcos pegando suas coisas e colocando no carro.

- Como Vai Ricardo? – pergunta o policial.

- Estou ótimo – responde Ricardo com uma voz cínica.

- O pessoal aqui sentiu sua falta – diz o guarda, com certa malícia.

- Meus amigos devem ter sentido, sim, muita falta minha – fala Ricardo se referindo aos presidiários.

- Não estou falando de seus amigos perdedores – continua o guarda – estou falando de meu pessoal.

Ricardo dá um sorriso amarelo – vamos nessa primo, temos muito o que fazer ainda hoje.

- Lembre-se do que eu te falei Marcos, não deixe sua vida ser uma bosta, andando ao lado desse deliquente.

- Não se preocupe guarda Belo, vamos todos ficar bem – fala Ricardo pegando as coisas de seu primo.

- Marcos, lá fora vai ser mais difícil agora, mas não desista, você não é uma má pessoa – fala o policial tocando o ombro de Marcos.

- Obrigado. Eu vou me cuidar - diz Marcos apartando a mão do policial e se despedindo.

Ricardo começa a ficar impaciente, ele não gosta de prisões, mas vive na corda bamba e por pouco não passa uma temporada em uma.

- Vamos logo cara, cê quer ficar aqui pra sempre, servindo de mulher pros presos? – fala Ricardo num tom irônico

Marcos se despede do policial, entra no carro e pela primeira vez, depois de muito tempo, respira um ar tão livre quanto ele.

(continua...)

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