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sábado, 27 de novembro de 2010

Prosa de um cão sem dono



Prosa de um cão sem dono
(Marcos Henrique)



Nasci no mundo. No suco do mundo;
Nasci para o mundo. No fundo do imundo;
Nasci para o mundo, sou filho do incerto;
Nasci no mundo, no acaso que me afaga, me bolina, me estraga;

Sou filho do nada. Sou só, apenas palavras frouxas em bocas sem dentes de lindas donzelas que rangem suas coxas, em sonhos ardentes.

Fui fruto do pecado estéril;
Do pecado mortal;
Do pecado que não pequei;
Do pecado com quem flertei;
Solidão a noite importa para dentro do nada, meu eu.

Sou fruto. O fruto podre que espera uma boca rasa para me deflorar. Não! Esqueçam, esqueçam tudo o que falo, sou apenas um louco que dorme em esquinas, que dorme e nunca é visto. Que apenas dorme e pronto.

Não quero que me entenda, apena me sinta;
Apenas me toque;
Apenas não me oprima com seu silêncio, com seus olhos sem vista para dentro de minha miséria, de minha trágica vida sem rimas exatas, sem métrica, sem regras a serem empregadas, apenas linhas mortas, porém minhas linhas, lindas e chocas. Palavras tolas são tudo o que tenho para te oferecer, e mesmo assim recusas.

Não quero que me entenda, apenas vá, siga, faça o que todos sempre fizeram. Não me note deitado ao chão, não me note fendendo ao chão;
Não me note;
Não me toque;
Não me veja;
Não chore;
Apenas siga, siga com o seu não.

Um comentário:

Incógnita pessoais disse...

hum, gostei do texto, parabéns pelo blog!!!