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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Elo de sanidade



Elo de sanidade
(Marcos Henrique)


O céu esta menos azul quando olho ao longe, e os peixes não mordem mais com força as iscas de meu anzol.

Minha coleira está folgada, mas não tenho para onde correr – de que me servem as pernas então? -

Estou velho e cansado, velho e opaco.

Onde posso descansar minha violência e retomar a decência de uma vida órfã?
Onde posso voltar a me encontrar e reconhecer esse velho rosto barbudo que esconde minhas dividas?
Onde posso voltar? Como posso voltar?

Meus dedos doem enquanto como, e nada pode ser dito para reconforta minha mandíbula suja e gasta por jogar bons conselhos ao vento.

Se ao menos eu pudesse mentir para mim, se ao menos pudesse falar como me sinto sem sentir-me castigado por isso.

Vou andando no escuro, por cima de cacos de vidros. Meu sangue forma rastros com nomes de ditadores que, não foram esquecidos no século passado.
Vou andando no escuro, por cima de frases soltas e poesias em prosas que não me engrandecem em nada.

Sou um sozinho na multidão, um homem que dorme e nunca sonha;
Sou um sozinho nessa multidão multicolor, um homem que sonha acordado com suas contradições, seus demônios, sua salvação pagã.

Caminho até o horizonte, buscando um elo de sanidade e meu poetar insano.

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