acompanhar

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Poema Tirado do livro Segunda Era


Segunda era.



Depois de escrever, leio meu atestado de óbito e as pessoas, os ouvidos que ouvem acham profundo, acham lindo.

Minha dor é exposta em rimas tristes, frases mortas, palavras de sabor amargo.

Cadáveres, biópsia, fragilidade de menino. Sem chances, sou só e tenho amigos.

As flores de minha coroa estão impacientes, não sabem a hora, não sabem o que sinto.

Sou bom, mesmo não praticando;
Sou bom, mesmo não sonhando;
Sou bom, mesmo mentindo;
Sou bom, mesmo desejando a morte de meus inimigos;

Sou mal, nisso sou realmente bom;
Sou triste;
Sou falta, dor, sono, missa de corpo presente, corpo, suor, riso de deliquentes;
Sou tudo, sou feto de menino, um símbolo imbecil e estéril.


Não acendam as velas, ainda estou vivo.

Nenhum comentário: